Queria mandar beijos, do coração
e de luz, para a família Moreira, que foi COMPLETA (120 pessoas) levar o
pequeno Lucas Reginaldo (19 anos e duas
passagens pela Polícia) ao aeroporto para sua viagem de férias em Porto Seguro
e resolveu se despedir dele NA FRENTE DO PORTÃO DE EMBARQUE. Não é ao lado nem
próximo, é EM FRENTE. Daí você, mulher antenada com sua bolsa de mão de 12kg e
aquela mala que hahahahaha não tem 115 cm nem fudendo e você terá que
espremê-la no bagageiro do avião, passa desviando do clã, sacudindo o bumbum de
um lado para o outro enquanto seus pertences saculejam para o lado oposto do
seu rebolado;
Olha, lá, Agenor, ele está indo embora... Ainda bem que coloquei na mochila dele um frango assado e 2kg de linguiça para ele não passar fome na viagem!
A versão acima também ocorre nos
shoppings centers: legal é decidir que filme você verá NA PONTA DA ESCADA
ROLANTE. Afinal, ação, emoção e surpresa fazem o seu ticket de R$ 15 do
estacionamento valer à pena! E pena mesmo a gente fica dos coitados que vão se
acumulando ao final da escada enquanto Felipe e Tathyara escolhem se assistirão
Sinuca do Amor ou Enfermeiros do Barulho;
Ai, que susto! Calma, candidato, é só um espelho na ponta da escada rolante...
E aquele pessoal que puxa assunto
íntimo no transporte público? Não adianta: você pode estar com aquele fone do
ouvido tamanho Motown, mexendo em iPhone, iPad, iPod, iMeuCaralho e mesmo assim
vem uma alma defunta ainda viva e começa a matracar. Olha, eu não sou ranzinza
e até respondo com simpatia o combo “tá frio/tá quente/ metrô cheio/ banco em
greve”, mas, please, como lidar com aquela mulher contando intimidades da
cirurgia de apêndice da filha, com TODOS os detalhes ricamente recordados? Só
falta a pessoa mostrar a gaze suja de sangue para você acreditar nas mazelas do
paciente;
Eu tenho a pedra que ela tirou dos rins num saquinho aqui na bolsa, quer ver? Peraê...
Você consegue uma pausa no trabalho para
resolver o famoso “problema pessoal” (a.k.a. parada). Daí, depois de estacionar seu carro no metrô, pegar um
trem, dois ônibus e com um facão desbravar uma pequena selva, você finalmente
chega na temida terra de ninguém chamada cartório – uma espécie de Matrix da
burocracia – às 16h55. Mas para o relógio dos habitantes locais, são 17h00. Daí
o cara, na tua vez da fila, fecha o guichê com barulho (BLAAAAM) e te deixa lá,
com aquele misto de desolação e ódio. Aí você sai, vai na lanchonete da frente
e resignado compra dez pães de queijo a R$ 2 porque a vida é assim mesmo.
Pode fechar a porta, mas por favor deixe-me tirar meu nariz primeiro.
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